ROWE, Cristopher. Introduccion a la ética griega. Trad. Francisco González Aramburo). México: Fondo de Cultura Económica, 1993, p. 21-29. Capítulo I – La justicia y los dioses: desde Homero hasta el siglo V.
Resumo: Pretende demonstrar, principalmente por meio da passagem da Odisséia sobre a vingança de Odisseu contra os pretendentes, as incoerências do sentido de justiça do período heróico. Para isso trabalha um sentido de moira e as questões envolvendo os sentidos da conduta dos personagens homéricos e dos próprios deuses. Defende também haver compreensões diferentes (mas não tão distantes) de justiça nos épicos homéricos, por um lado do poeta e por outro das personagens. Por fim estabelece algumas semelhanças e divergências entre as concepções arcaicas e as concepções antigas de justiça e destino, utilizando parte dos poemas de Sólon e Teógnis.
Resumo Analítico/Esquema:
1. A análise faz-se sobre o clímax da Odisséia – o episódio do assassinato dos pretendentes, feito por Odisseu com ajuda de seu filho, Telêmaco.
a. F. R. Dodds: compreende os acontecimentos do episódio como exemplar da retribuição divina, e sua interpretação tem verificação em vários trechos do poema.
i. O sentido de moira: o destino que cabe a todos e a cada um, podendo advir independente dos deuses ou aparecer em alguma forma personalizada.
ii. Há a verificação de culpa dos pretendentes: vários versos demonstram que as ações dos pretendentes deram causa ao que lhes aconteceu.
iii. Comparação com Egisto, na Orestéia: ambos teriam sido abatidos tanto pela moira dos deuses quanto pela sua própria maldade.
b. Problema à compreensão de Dodds: não responde à questão de se os pretendentes realmente mereciam seu destino cruel, e se as ofensas que provocaram são proporcionais ao fim que tiveram.
i. Proposta de que o tom moralizador não provém de Odisseu, mas sim de Homero. O código de vida que rege as personagens é o heróico, o qual estabelece a glória pessoal e os status como as únicas metas importantes. Já as atitudes percebidas no próprio Homero são bem diferentes.
c. Charles Segal: acredita que Homero introduziu em seu poema as perspectivas de seu tempo e sua própria interpretação da cultura heróica, fazendo com isso transparecer sua própria perspectiva moral pós-heróica. Dessa forma a Ilíada (bem como a Odisséia) apresentariam concomitantemente dois mundos, um das personagens e um do autor.
2. Uma das características da moralidade heróica é que em geral o homem deve valer-se por si mesmo. Ao sofrer um dano não havia a quem recorrer – não adiantaria apelar aos deuses, exceto em circunstancias muito específicas.
a. Somente aquelas condutas capazes de despertar a ira de Zeus provocariam uma ação dos deuses em resposta. E somente nesta esfera de ação que se poderia falar de um conceito de justiça em Homero.
b. Ademais, somente uma regra conduz as ações dos heróis – a de manter a timé (honra), seja pelo cumprimento dos deveres familiares e para com os amigos, seja em fins mais individuais.
c. As preocupações de Zeus demonstram uma limitação semelhante. Ele fará valer suas leis quando quebradas, tal como um rei mortal, com o mesmo interesse aprisionado por sua honra e status.
d. O conceito de justiça do próprio Homero é mais amplo, apesar dos valores heróicos não terem desaparecido completamente em seu tempo. Os deuses ainda não apresentam a imagem benevolente que é defendida tempos depois (por Sócrates e Platão), às suas ações não são dados motivos racionais para além da barganha entre deuses e homens, havendo qualquer resposta positiva apenas quando estes rendiam honra àqueles por meio dos sacrifícios rituais.
3. Semelhante a estas idéias está a concepção de moira em Sólon. O destino do homem está sob o risco constante da sorte, e de seus atos afetam a quem estiver no caminho, independente de ter dado causa. O homem bom e trabalhador pode acabar em ruína, o homem ruim e pouco esforçado pode receber bons frutos a depender de sua sorte.
a. A distribuição de bens e males pelos deuses não é compatível com a idéia de que se preocupariam com a justiça.
4. Da mesma forma, Teógnis, mais tarde, acusa a Zeus de conceder a mesma moira a todos os homens, independente de ser um justo ou um mau. Ele também questiona a ordem das coisas, que obriga o descendente inocente do injusto à desgraça e à vingança, enquanto o próprio injusto não é castigado.
a. No entanto o poeta não nega suas próprias crenças, nem considera que está para além delas. Não há contradição dessas passagens com a sólida moralidade que ele apresenta nos seus demais poemas. Mas Teógnis descobre problemas reais que serão aprofundados posteriormente pelos trágicos do século V.
5. Sólon acredita em um conceito de justiça estritamente ligado à obediência às leis.
a. Desde Homero, o pensamento sobre a idéia de justiça coincide em um ponto. Um homem justo se abstém de uma agressão não provocada. As idéias antigas se conservam em outros aspectos, e o castigo legal como sendo um instrumento da justiça divina.
b. Exemplo: Ésquilo, nas Eumênides, apresenta a corte do Areópago como a contrapartida humana das Eríneas vingadoras.
Mais comentários podem ser adcionados ao final da postagem, com questões a respeito dela.
Resumo: Pretende demonstrar, principalmente por meio da passagem da Odisséia sobre a vingança de Odisseu contra os pretendentes, as incoerências do sentido de justiça do período heróico. Para isso trabalha um sentido de moira e as questões envolvendo os sentidos da conduta dos personagens homéricos e dos próprios deuses. Defende também haver compreensões diferentes (mas não tão distantes) de justiça nos épicos homéricos, por um lado do poeta e por outro das personagens. Por fim estabelece algumas semelhanças e divergências entre as concepções arcaicas e as concepções antigas de justiça e destino, utilizando parte dos poemas de Sólon e Teógnis.
Resumo Analítico/Esquema:
1. A análise faz-se sobre o clímax da Odisséia – o episódio do assassinato dos pretendentes, feito por Odisseu com ajuda de seu filho, Telêmaco.
a. F. R. Dodds: compreende os acontecimentos do episódio como exemplar da retribuição divina, e sua interpretação tem verificação em vários trechos do poema.
i. O sentido de moira: o destino que cabe a todos e a cada um, podendo advir independente dos deuses ou aparecer em alguma forma personalizada.
ii. Há a verificação de culpa dos pretendentes: vários versos demonstram que as ações dos pretendentes deram causa ao que lhes aconteceu.
iii. Comparação com Egisto, na Orestéia: ambos teriam sido abatidos tanto pela moira dos deuses quanto pela sua própria maldade.
b. Problema à compreensão de Dodds: não responde à questão de se os pretendentes realmente mereciam seu destino cruel, e se as ofensas que provocaram são proporcionais ao fim que tiveram.
i. Proposta de que o tom moralizador não provém de Odisseu, mas sim de Homero. O código de vida que rege as personagens é o heróico, o qual estabelece a glória pessoal e os status como as únicas metas importantes. Já as atitudes percebidas no próprio Homero são bem diferentes.
c. Charles Segal: acredita que Homero introduziu em seu poema as perspectivas de seu tempo e sua própria interpretação da cultura heróica, fazendo com isso transparecer sua própria perspectiva moral pós-heróica. Dessa forma a Ilíada (bem como a Odisséia) apresentariam concomitantemente dois mundos, um das personagens e um do autor.
2. Uma das características da moralidade heróica é que em geral o homem deve valer-se por si mesmo. Ao sofrer um dano não havia a quem recorrer – não adiantaria apelar aos deuses, exceto em circunstancias muito específicas.
a. Somente aquelas condutas capazes de despertar a ira de Zeus provocariam uma ação dos deuses em resposta. E somente nesta esfera de ação que se poderia falar de um conceito de justiça em Homero.
b. Ademais, somente uma regra conduz as ações dos heróis – a de manter a timé (honra), seja pelo cumprimento dos deveres familiares e para com os amigos, seja em fins mais individuais.
c. As preocupações de Zeus demonstram uma limitação semelhante. Ele fará valer suas leis quando quebradas, tal como um rei mortal, com o mesmo interesse aprisionado por sua honra e status.
d. O conceito de justiça do próprio Homero é mais amplo, apesar dos valores heróicos não terem desaparecido completamente em seu tempo. Os deuses ainda não apresentam a imagem benevolente que é defendida tempos depois (por Sócrates e Platão), às suas ações não são dados motivos racionais para além da barganha entre deuses e homens, havendo qualquer resposta positiva apenas quando estes rendiam honra àqueles por meio dos sacrifícios rituais.
3. Semelhante a estas idéias está a concepção de moira em Sólon. O destino do homem está sob o risco constante da sorte, e de seus atos afetam a quem estiver no caminho, independente de ter dado causa. O homem bom e trabalhador pode acabar em ruína, o homem ruim e pouco esforçado pode receber bons frutos a depender de sua sorte.
a. A distribuição de bens e males pelos deuses não é compatível com a idéia de que se preocupariam com a justiça.
4. Da mesma forma, Teógnis, mais tarde, acusa a Zeus de conceder a mesma moira a todos os homens, independente de ser um justo ou um mau. Ele também questiona a ordem das coisas, que obriga o descendente inocente do injusto à desgraça e à vingança, enquanto o próprio injusto não é castigado.
a. No entanto o poeta não nega suas próprias crenças, nem considera que está para além delas. Não há contradição dessas passagens com a sólida moralidade que ele apresenta nos seus demais poemas. Mas Teógnis descobre problemas reais que serão aprofundados posteriormente pelos trágicos do século V.
5. Sólon acredita em um conceito de justiça estritamente ligado à obediência às leis.
a. Desde Homero, o pensamento sobre a idéia de justiça coincide em um ponto. Um homem justo se abstém de uma agressão não provocada. As idéias antigas se conservam em outros aspectos, e o castigo legal como sendo um instrumento da justiça divina.
b. Exemplo: Ésquilo, nas Eumênides, apresenta a corte do Areópago como a contrapartida humana das Eríneas vingadoras.
Mais comentários podem ser adcionados ao final da postagem, com questões a respeito dela.
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